sexta-feira, 6 de março de 2015

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência! Ou não...

Esta vida é tão corrida que me deixa pouquíssimo tempo para fazer o que mais gosto. Tenho andado ausente do blog. E com tanto para escrever...
O little P. já fez 15 meses. Começou a andar no Dia dos Namorados. Mascarou-se de pássaro e de elefante no Carnaval (que adorou!! Não sai à mãe!) e deixa-me sem ar quando sorri, quando já tenta correr para os meus braços, quando abana um não com a cabeça, quando fica feliz no infantario. Já pôs o osso de borracha do Loubie na boca e já lhe ofereceu a chupeta. É oficial! São os melhores amigos!
Quem me acompanha pelo facebook sabe que à quarta-feira vejo a Grey's Anatomy. Adoro. Vejo religiosamente há anos. Já vai na temporada 11. Estas duas semanas foram especialmente difíceis de acompanhar. Não só pela escassez de tempo que o trabalho, a elíptica ou as corridas e o instituto me deixam, como pelo próprio conteúdo da série.
Vamos aos factos:
Religiosa convicta, a April Kepner engravida do seu marido (o maravilhoso, gorgeous) Jackson Avery. Fica eufórica. Vai aumentar a família, ter um filho, fruto de um amor tão verdadeiro e sincero. Na primeira ecografia a médica (colega e ex-namorada de Jackson... Sim! Na série já todos se enrolaram com todos e convivem pacificamente com isso. Coisas de TV e cinema!) detecta uma anomalia com o feto. É assim que os médicos dizem. É apenas um feto. Não é ainda o filho de ninguém. Quase como se não fosse gente... Depois de vários exames chegam à conclusão que acabará por morrer rapidamente e a Kepner tem que tomar a decisão mais difícil da vida dela. Porque os milagres nem sempre acontecem... Às 24 semanas fazem indução do parto e sabem que sem manobras de sobrevivência, o feto (para os médicos é um feto inviável, para ela já é o Samuel Norbert Avery) acabará por morrer. É assim acontece. O feto nasce. Morre. E ela pergunta onde está o Deus no qual sempre acreditou. Onde está o bem. Porquê ela. Porquê semelhante injustiça.

Pois bem. A partir do momento em que uma mulher faz um teste de gravidez e o resultado é positivo, passa a ter um filho. Esse filho que cresce diariamente mesmo sem se ver ou sentir. Esse filho que começa a aparecer nos nossos sonhos. Esse filho que começa a desenhar-se como o mais importante das nossas vidas. Às vezes nascem, outras não. Muitos morrem antes de nascer. E para os médicos é apenas um feto. Para os pais é um filho, uma vida que se perde. Como se chama uma mãe que perde um filho? Porque perdi um pai e sou órfã. Se perder um marido serei viúva. E o que sou por ter perdido um filho? Nada! No meu caso, para os médicos, eram só fetos. Para mim eram os filhos que queria. Já fiz 4 testes de gravidez positivos. Sou mãe de 4 filhos. Tenho apenas um nos braços. Os outros três estão guardados nas gavetas escondidas das memórias. Da primeira vez os médicos disseram "é normal! Muito mais frequente do que pensa! Não se preocupe!" Da segunda "não se preocupe! Apesar de tudo é considerado normal!" Da terceira, "ah e tal vamos estudar as razões, vamos ver o que se passa. Não encontramos nada. Volte a tentar!" É caso para dizer "há bruxas boas!!"
Não queria tentar mais. Sentir um parto sabendo que não terei um filho nos braços exerce a maior violência que já senti até hoje. 
Mas engravidar para mim é demasiado fácil. E o Pedro apareceu. E nasceu! E é o melhor do mundo. O bebé mais especial. Porque quis sobreviver. Porque quis nascer. Acredito mesmo que há coisas que nos estão destinadas. Esta história estava destinada a mim. Sou mãe de 4 filhos. Tenho por eles o mesmo amor. Não há um nome para designar esta minha condição. Mas mãe chega-me. Sou mãe!
A vida continua. Até porque o Pedro não me deixa viver amarrada ao que foi. E todos os dias a esperança e a expectativa no que será é maior graças a ele. Quando me perguntam se quero mais filhos digo que não. Não explico as razões. Mas hoje apeteceu-me dizer ao mundo! Já tenho 4 filhos! Não são fetos. Não são embriões. São filhos! E TODAS as mulheres, mães (porque não existe uma palavra melhor para descrever) que perdem um filho, quer seja às 8 semanas, quer seja às 29, quer seja depois de nascer, precisam de apoio. Não é normal! Não é aceitável. São os nossos filhos! Ponto!

3 comentários:

  1. samantha.marisa.santana@gmail.com20 de abril de 2015 às 23:12

    E de facto são nossos filhos, independentemente das razões. É uma parte nossa que se perde. Eu continuo a AMAR o meu "filho", porque será sempre meu FILHO. Ate que eu parta desta Terra.<3

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  2. Mais uma vez ADOREI o teu testemunho... Parabéns! Porém, nào podia deixar de lamentar a perda dos 3 filhos que partiram...

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