segunda-feira, 16 de março de 2015

Corrida do Dia do Pai... 10 kms nas pernas e na cabeça!

15 de Março de 2015. Corrida do Dia do Pai.
Se bem se lembram, fiz os meus primeiros 10 kms na Corrida de S. Silvestre, em Dezembro de 2014. Nessa altura tinha passado por uma infecção respiratoria tramada e não estava tão preparada como pretendia. Ainda assim, fiz a prova, terminei, orgulhosa de mim própria. Confesso que pensei que por esta altura, três meses depois, já faria mais 10 kms na maior das calmas. Mas enganei-me.
Este início de 2015 tem sido caótico e os treinos são a primeira coisa a descartar quando preciso de tempo para fazer o que me faz falta. E quando não treino um dia, dois dias, três dias, o meu corpo volta a relaxar e reiniciar passa a ser um calvário. E o tempo vai passado. As semanas correm e nunca mais fico em forma. 
Eu queria fazer esta prova. E, por isso, sem treinos de corrida e com poucos treinos de elíptica, resolvi ir correr hoje. 
Comecei entusiasmada. Ritmo certo. Sem esforço. O calor incomoda-me. Confesso que prefiro correr pela fresquinha do fim do dia ou da noite, do que quando o sol aquece. O calor incomodou-me. Mas, ainda assim, sabia que conseguiria fazer a prova, desde que mantivesse o ritmo certo, que, apesar de lento, me daria a capacidade de terminar sem grandes sacrifícios.
Cheguei ao km 3 e o joelho começou a doer... Pois é segundo erro do dia. O primeiro é querer correr sem treinar! ERRADO! ERRADO! ERRADO! O segundo é começar a correr quase sem aquecer ou alongar. MAIS ERRADO, MAIS ERRADO, MAIS ERRADO! A pressa de chegar a Matosinhos, estacionar o carro, deixar os miúdos com o padrinho do little P. durante a corrida, etc, etc, etc, fizeram-nos chegar em cima da hora e não houve tempo para nada. ERRADO again! Não se começa a correr sem aquecer e alongar. E o meu joelho esquerdo disse-me isso ao km 3. Aguentei mais um pouco, até que tive que ser sensata, admitir o meu erro e parar! Disse ao meu marido e ao meu primo para continuarem. Iria ficar ali. "Sem stress. Vão! Eu fico! Força!" E fiquei. Alonguei. Alonguei. Alonguei. Massajei ligeiramente o joelho. O outro também. E tomei a decisão. Se voltasse para trás, tinha pela frente mais 3,5 kms. Se continuasse, tinha mais 6 kms. Será que não conseguiria? Decidi continuar. Primeiro a caminhar. Depois corri. O joelho mandou-me parar outra vez. Caminhei. Voltei a correr. E o danado do joelho ainda me obrigou a parar outra vez. Caminhei... E nisto o tempo e os kms iam passando. Tinha que conseguir. Desistir não era opção. Caminhava e pensava no que escreveria aqui. Que tinha desistido? Que não tinha sequer caminhado o percurso todo? NÃO! Não podia escrever isso. Tinha que conseguir. Por mim, por quem lê e quer tentar também, pelo meu pai, que estava orgulhoso a ver-me a decidir. Decidi que hoje este texto seria sobre força de vontade. Sobre determinação. Sobre a capacidade infindável que temos quando desejamos mais que tudo. Hoje este texto deixar-me-ia orgulhosa de mim própria outra vez, tal como na S. Silvestre, independentemente do tempo que levasse a chegar ao fim.
Continuei. Vi o meu primo a descer a Avenida da Boavista. Não consegui ver o meu marido. Mas não podia desistir. Corri. Depois de já ter passado o km 8, o meu marido ligou-me. "Já acabei. Onde estás, para ir ter contigo? Estás melhor?" Atendi sem parar de correr. Contei-lhe! Já estou a chegar. 1 km e uns trocos e já aí estou para receber a medalha. E assim foi. Corri, sem objectivo de tempo. Isso ficou nos 3 kms. Corri consciente dos erros que tinha cometido e que podiam ter comprometido tudo. Corria feliz quando comecei a descer a Circunvalação e já via os primeiros corredores a passarem com a medalha ao peito. Estava perto. Faltava pouco e eu era capaz. 
Quando corro, não vejo nada nem ninguém. Vou a curtir a minha música. Tão simples quando isto. Hoje os Linkin Park acompanharam-me. E lá corria eu ao som de "Numb" quando decidi olhar para cima (faltava muito???!?) e vi 1:11:.. A sério? Como era possível? Na S. Silvestre não parei e fiz mais. Será que consigo? Sim. Consegui. 1:11:42. Este foi o tempo quando passei a meta. Com isto, por favor, não quero que pensem que sou a super-mulher. Não! Este tempo foi uma merda. Hoje tive a certeza que com treinos e aquecimento teria feito em pouco mais de 1h. Ou até mesmo 1h. Mas, eu não desisti, mesmo quando o joelho me mandava parar. A minha cabeça venceu. Hoje superei-me. Hoje soube que vou conseguir. E hoje sei que a próxima será muito melhor. Já está marcada. E terça-feira já há treino marcado. Foi uma corrida digna do nome. Corrida do Dia do Pai. E quando acabou, fui depressa, bem depressa, abraçar o little P., o abraço que o meu pai me teria dado na meta! 

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