segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Silly Season II

Estamos a chegar ao fim de Agosto, mas eu quero acreditar que ainda vamos ter Verão por mais algum tempo. E a minha Silly Season está longe de acabar.
Está na moda falar de roupa na praia. Todos têm opinião sobre que tipo de roupa deve vestir-se na praia. Especialmente em França, onde a polémica se instalou no sul graças ao burkini. Mas se para os franceses é melhor uma mulher despida do que uma mulher tapada, há quem prefira as mulheres bem tapadas.
Isto do corpo sempre foi um tabu. E hoje ao ler esta magnifica história (que é magnífica de tão normal e despreocupada) na plataforma feminista capazes fiquei com a sensação que devia mesmo escrever sobre isto.
Vamos então por partes, já que se trata de um assunto sério, apesar de só ter vontade de rir nesta minha Silly Season:
1. O corpo. A liberdade. Não gosto de mostrar o meu corpo em público. Mas isso sou eu. Nunca fiz topless nem nudismo. Mas isso até talvez seja por achar que estou muito longe de ter o corpo perfeito e não conseguir lidar abertamente com isso. Talvez esteja na hora de me tratar... Quem sabe? Mas não me afecta rigorosamente nada que o façam. Nem me afecta estar por perto. Por outro lado, sou daquelas pessoas que se despe em casa e é capaz de andar toda nua. Somos assim lá em casa. E até sou daquelas mães que considera importante que os filhos vejam os corpos tal como são. Por isso ninguém se tapa, ninguém se tranca quando vai à casa de banho, muito menos quando está a tomar banho. Nada disso! O corpo é o mais natural que temos. O meu pai também não tinha problemas em andar nu em casa e isso não desviou o meu comportamento no que a pilas diz respeito (acho eu)!!
Assim sendo, sou mesmo adepta da liberdade de cada um para vestir o que lhe apeteça. Na praia e sem ser na praia. Ponto!!
2. Já fui a países muçulmanos onde não podia estar de bikini, a não ser na praia privada do hotel. Deus me livre se me pusesse de bikini num lugar público... Mas no ocidente se alguém não muçulmano, que não possa apanhar sol, aparecer na praia todo vestido, ninguém manda tirar a roupa, pois não? O que me parece razoável é que não possamos andar por aí de cara tapada. Isso, confesso, faz-me alguma espécie. Não conseguir identificar o rosto de alguém não me parece bem. Nem aqui nem em lugar nenhum... E se sou obrigada a identificar-me em alguns lugares (como aeroportos, por exemplo) e sou revistada, então uma mulher muçulmana deve se-lo também (já vi algumas a passarem de burka, cara tapada e sem revista...). Agora o que alguém leva para a praia vestido ser alvo de legislação, parece-me mesmo um desvio absoluto à nossa liberdade... Mas tirem-me os panos da cara, senhoras!!
3. No meu condomínio, quando o Verão começou, começamos a ir para a piscina. Uma das minhas vizinhas faz topless. E eu não estaria a escrever sobre isto não fosse o ridículo que aí vem. Preparados?? Uma das famílias (aquela que descrevi na Silly Season I, como não poderia deixar de ser...) sentiu-se indignada com o topless da vizinha. Se calhar as mamas são um assunto tabu. Ou se calhar supõem que o pensamento do filho, que tem uns 8/9 anos, vai começar a ser pecaminoso por olhar todos os dias para as mamas da vizinha... Enfim, não sei o que lhes passou pela cabeça, mas um belo dia, decidiram enviar uma mensagem de indignação a outra vizinha, talvez com o intuito que ela falasse com a "pecadora" do topless. Até podiam sentir-se incomodados, mas também podiam ir conversar com a senhora, que ainda por cima é bem educada e receptiva ao diálogo... Ou podiam oferecer-lhe um burkini...
Ainda a Silly Season vai a meio e eu já estou cansada!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Silly Season I

Toda a gente sabe que adoro viajar. Adoro conhecer pessoas, monumentos, culturas, comidas. Infelizmente não posso viajar o verão inteiro. Nem o Inverno inteiro. Resumindo, tenho que trabalhar. Quando já estou a trabalhar, tento aproveitar ao máximo aquilo que Portugal tem de melhor: o clima e as praias. Assim, toca a ir para a praia de manhã bem cedo (os dias inteiros na praia acabaram quando engravidei...), almoçar, o P. dorme a sesta (e eu também...) e à tarde toca a ir para a piscina aproveitar todos os raios de sol possíveis.
Por acaso, moro num condomínio que tem piscina, o que facilita bastante esta logística com o baby (para mim vai ser sempre baby. Não liguem!). É só mesmo sair de casa e já está. Podia ser perfeito? Podia! Mas só se pudesse escolher os vizinhos... Há uns meses descrevi no meu facebook uma discussão que ouvi de um casal de vizinhos. Hoje vou descrever-vos o terror que é ter vizinhos. Se forem sensíveis, é melhor não lerem até ao fim. Não vou ter contemplações. Não vou ser meiga. E quando estou irritada (e calma também), não tenho filtro... Já avisei!

Até há bem pouco tempo, poucos eram os que se interessavam rigorosamente pelo que se passava no condomínio onde vivo. Há uns meses atrás, o meu marido, que é o gajo mais calmo, descontraído e consensual que eu conheço, decidiu por em prática algumas ideias que há muito havia, especialmente pequenas coisas que podiam melhorar substancialmente a qualidade da zona comum da piscina. Assim, este santo, além de aturar a vizinhança na hora dos pagamentos, além de fazer mapas e mapinhas, e proceder aos pagamentos das contas do condomínio, ainda se lembrou de ir carregar relva artificial para uma zona cimentada, andou a pintar muros, encontrou e contratou um técnico para tratar da piscina (a água estava verde musgo, imprópria para qualquer insecto, rastejante ou demais animal nojento...) e gastou o seu tempo e paciência. Tudo para que as zonas comuns ficassem mais agradáveis e todos pudessem usufruir melhor o verão. Espectacular! Certo?
Assim achou um vizinho. E há um mês veio comunicar que iria fazer a festa de aniversário do filho mais novo na piscina. Tudo bem! Aquilo é de todos! Força aí! No dia da festa, fomos à piscina de manhã. Finalmente estava tudo pronto e a água tinha atingido a sua limpeza máxima de sempre. O técnico esteve lá durante a manhã e tudo estava perfeito. Perfeito para quê? Para o filme de terror que se seguia...
Ora como sabem, o meu filho tem 2 anos, por isso não nos expomos ao sol entre as 11:30/12 e as 17. Durante esse período estivemos em casa. Às 17h, depois do P. acordar, fomos até à piscina com os meus primos. A descrição é esta: a relva artificial "coberta" por uma mesa (agora vem a parte mesquinha que há em mim), com uma toalha de plástico, cujo estampado são rodelas de limão verde alface, cheia de comida, guarda sol e mochilas e mochilas e toalhas e chinelos e tudo e tudo e tudo. Cadeiras para um exército. Miúdos a saltar feitos malucos para a piscina. Um miúdo a comer uma fatia de pizza dentro de água. Miúdos a correrem por cima das nossas toalhas e quase a atropelarem o meu filho (chegaram a tropeçar e a cair em cima do saco da minha prima). Um miúdo a atirar a comida que não gostava para o terreno vizinho. Enfim... Um cenário digno do inferno. Quando o meu marido chamou a atenção o vizinho, ele não ligou. Claro! Algum dia ele podia parar os amigos do filho? Como é que ele, que quer mostrar o que nunca foi, poderia algum dia explicar aos pais das crianças que tinha chamado a atenção ou mandado parar? Pois não podia. E as cenas continuavam. Até que, já dentro de água, quase se atiraram para cima do meu filho, e o inferno até então presente, transformou-se numa cena triste. A vizinha, com o seu bikini tropical, enquanto distribuía refrigerantes e comida, dizia ao meu marido "nós não conseguimos controlar!!". Quase como se estivesse a fazer-se de vítima... Já o seu marido, dizia "eu avisei que ía fazer a festa, por isso..." Claro que o meu marido, aquele que é do mais pacifico que existe, chegou a perguntar se ele tinha comprado aquilo. Ou se por haver uma festa, os outros vizinhos, que por acaso pagam o condomínio e zelam pelas coisas, não podiam usar a piscina. Mas quem nasce para 8, nunca chegará a 80. Para quê exigir 800?? Claro que acabamos por ir embora. A gentinha ganhou a piscina comum, aquela que o meu marido se esforçou por recuperar.

Confesso-vos que nunca fui de dar confiança a vizinhos. Não gosto. Tenho sempre a impressão que acabam por meter-se demais na minha vida e saber demais das minhas rotinas. Não gosto mesmo. Quando me mudei para esta casa, já o meu marido lá vivia. E desde esse dia que o meu sonho é sair de lá. O meu relacionamento com todos resumiu-se sempre ao "bom dia! Boa tarde! Boa noite!" da praxe. Mas por acaso estes vizinhos já tinham conseguido antes que desistisse de ser bem educada com eles. Já nem uma saudação cordial lhes dirigia. Agora é maravilhoso! Porque já desistimos do boçal e família. Chamem-me antissocial, chamem-me bicho do mato. O que quiserem! Mas um dia vou viver sem vizinhos. Vou, vou!!!