segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A caminho das corridas desta vida...

Em Março de 2014 olhei para o espelho e decidi que era o momento de fazer alguma coisa para mudar o que via. Tinha mais 20 kgs do que hoje (e hoje ainda não tenho o meu peso ideal. É certo que também já estive mais magra, mas o Natal e uma gripe ajudaram-me a descontrolar...). Tinha um filho nos braços, que nasceu prematuro e blá, blá, blá (já sabem tudo porque já escrevi sobre isso...), uma depressão pós-parto e odiava o que via. Em Março deste ano estava ainda a amamentar. Não podia cometer as loucuras de outros tempos, nem o meu corpo, aos quase 36 anos, respondia da mesma forma às dietas malucas de outrora. A solução teria que ser diferente. Procurei ajuda especializada. Fui à Clínica de Nutrição do Porto. Criaram-me um plano alimentar, perfeitamente possível de fazer sem ansiedade, por sinal, fiz tratamentos e... Foi um caminho longo, mas foi esse caminho que permitiu que eu mantivesse a amamentação até o meu filho não querer mais e, ainda assim, emagrecer.
Mas, o plano alimentar não era suficiente para mim. Quando comecei a melhorar física e psicologicamente percebi que ter um filho não é apenas cuidar dele. É cuidarmos de nós. É podermos correr com ele um dia. É podermos viver com ele e para ele o máximo de tempo possível. E assim decidi que a minha vida tinha mesmo que mudar. Sem paciência ou tempo para ginásios, comecei a correr. Comecei por correr uns metros. Sentia os músculos das pernas a queimar. Sentia os pulmões a serem expulsos a cada expiração. Sentia que jamais conseguiria mais do que aquilo. Mas era mentira. Nós somos sempre capazes de tudo o que queremos. Comecei a ter confiança que um dia seria capaz de correr 1 km, depois 2 kms, depois 3 kms.
Quando corria 6/7 kms não aumentava mais. Como se tivesse medo. Como se achasse que podia fracassar e não aguentaria esse fracasso. Comecei a seguir páginas de corrida e atletismo no facebook e percebi que só conseguiria ultrapassar o receio de falhar por tentar correr mais, inscrevendo-me numa prova. Ainda pensei inscrever-me na fun race da Maratona do Porto, mas faltou-me a coragem. Foi em Novembro e fui apenas ver e apoiar os meus amigos. Especialmente o António Franco, amigo que conheci há uns 12 anos (sim, Franco, já lá vão estes anos todos!!!), que não corria e que mudou de vida. Hoje corre. Corre a sério. E orgulho-me de assistir na plateia (ao vivo ou virtual) aos seus feitos. Aos recordes pessoais. À alegria de cortar as metas por esse país e mundo fora. Sempre com a sua camisola do Boavista, sempre feliz por andar por cá. Apoiei-o e "vi-o" fazer os 42 kms em menos de 3h. Podia lá eu inspirar-me noutra qualquer pessoa?????
Pois bem, vim para casa no dia da maratona com as palmas das mãos doridas. Gritei por atletas, por pessoas, capazes de ultrapassar medos, receios, fragilidades. E decidi que me inscreveria numa prova. E assim foi. Inscrevi-me na S. Silvestre do Porto. 28 de Dezembro de 2014. 10 kms. Tinha tempo para treinar e estava determinada.


Comecei a treinar. Sentia-me bem. Decidi que terminaria a prova, nem que fosse de gatas. O meu marido disse logo que me acompanharia. O António Franco também (e prometo Franco que nunca mais correrás comigo àquele ritmo miserável de ontem, do qual me orgulho tanto, que me permitiu terminar a SS sem parar!!). O primo Luís também foi fácil de convencer (o que seria de mim sem ti durante a corrida?? Já só quero correr contigo, sim?) e o cunhado Ricardo também. Bora lá ser saudáveis, pois claro!!


Chegou Dezembro. Mas Dezembro não chegou como pretendia. Corri uma vez. Bom treino. 7 kms a bom ritmo. Fiquei com dores de garganta. Não fiz nada. Passados 3 dias fiquei de cama. 10 dias de cama. melhorei, mas não o suficiente para correr. mais uma semana. Finalmente voltei a correr. 6 kms em terreno plano, onde gosto mais, junto ao mar e ao rio na minha terra. Bom treino. Fiquei confiante. O Pedro ficou doente. Uma semana enfiada em casa, incluindo o Natal a comer e a beber. E o dia chegou...


No dia 27 de Dezembro fui levantar os dorsais. Aiiiii que emoção. O meu primeiro dorsal. 4627. Para nunca mais esquecer este número. Vim para casa com um sorriso de orelha a orelha. Fiquei com receio de nem dormir com a ansiedade. Mas até o Pedro colaborou e o Loubie também!
28 de Dezembro tinha previsão de chuva. Jura, S. Pedro?? Não! Ele estava só a rir às gargalhadas. O dia amanheceu frio, muito frio, mas sem chuva. Para podermos ir os dois, tivemos a colaboração preciosa dos padrinhos maravilhosos que o meu filho tem. Ficaram cá em casa com ele e... Ele agradeceu!!
E lá fomos. Parecia uma miúda na Disney. A olhar para toda a gente, admirada e maravilhada com o ambiente das corridas. Pessoas bem dispostas, prontas para correr. Pessoas ultra bem dispostas, prontas para aplaudir quem corria. É lindo de ver e participar.


Tal como o prometido, fomos juntos. Mais atrás ou mais à frente. Mais à direita ou mais à esquerda. O António Franco, o Luis Pedro, o Luís, o Ricardo e eu (e o amigo do António Franco que ía tão entediado ao meu ritmo que até fez reportagem televisiva pelo caminho...).
Os primeiros 2 kms são duros. Subir Sá da Bandeira e Sta. Catarina até ao Marquês é dureza. mas quando lá cheguei pensei que o primeiro objectivo estava cumprido. Não é que tinha chegado viva ao Marquês? Não é que ainda respirava? Não é que continuava a correr? Tirando um ou outro momento, a corrida foi tranquila. Ritmo lento, mas regular. Era o que me interessava. Aos 5 kms pensei "Boa! Boa! Boa! Vais conseguir na Boa!" Estava doida. Comecei a ficar cansada e o frio começou a atrapalhar a respiração. Mas depois, quase a entrar no Túnel de Ceuta, vi uma miúda de 7/8 anos a correr também. Podia lá eu desistir? Mais uma dose de energia. Uma ajudinha numa subida. As palavras do meu primo "Respira. Olha para o chão. Não penses no que vem. Tu consegues. Concentra-te. Pensa em coisas boas." Posso dizer que o ambiente dentro do túnel é extraordinário. "Don't stop me now" nas alturas. Dava vontade de dançar, não estivesse eu já quase morta. Mas ainda cantei. E havia mensagens da organização ao longo do túnel "Agora é sempre a descer!" (mentirosos!!!!) ou "Está quase! Não desistas agora!". Ainda tive tempo para sorrir, mas depois comecei a subir para sair do túnel e quase morri... Não, não estou a exagerar. Que subida horrorosa em momento tao mau. Só via pessoas a pararem. Os socorristas com uma miúda no passeio. Passou-me pela cabeça atirar-me para o chão também. Mas não. Tinha dito que não ía parar. Alguma vez falhei com a minha palavra?? Nunca! Continuei. Em estado morta-viva, mas continuei. Pensam que a tortura acabou?? Nada disso! Subir a Avenida dos Aliados e dar a voltinha na Trindade para cortar a meta é qualquer coisa de diabólico. Aliás, quem determinou o percurso assim deve ter algum tipo de prazer ao ver os corredores entre o km 9 e 10 quase a morrerem com os pulmões de fora e as pernas desatarraxadas do resto do corpo. Era assim que eu estava. Mas comecei a descer. Vi as luzes da meta. O meu primo disse-me "Olha ali. As luzes. São 10 kms. Conseguiste!!" E eu disse-lhe "Vamos!". E fiz um sprint final. O máximo que podia acontecer era cair e partir-me toda, mas Deus pensou que eu merecia terminar a SS de forma digna e ajudou-me na maluqueira. No final estavam os meus tios, que já tinham aplaudido e gritado à saída do Túnel, com camisolas secas e lavadas para nós vestirmos. Fui buscar a medalha. E foi quase melhor que um diamante. Pronto. OK! Já chega de delírio. Nada é melhor que receber um diamante. Só mesmo 2 diamantes. Mas esta medalha foi um presente maravilhoso de receber. E consegui. E não fui a última. Apesar do tempo ter sido uma valente merda, foi o possível, o que de melhor eu podia fazer e, ainda assim, ficaram uns 500 ou 600 corredores atrás de mim. Mau para principiante?? Não! Maravilhoso!


Hoje quando acordei até tive medo de me mexer. Tive medo de me levantar. mas tinha que ser, certo? Levantei-me e... UAU! Nada de dores nas perninhas. Nada! Ouviram bem. E que fiz eu? Fui fazer uma caminhada com o Loubie. Uns 4,5 kms para não dar descanso aos músculos. E amanhã? Vou correr, pois claro. Porque amanhã já me vou inscrever noutra. E porque amanha vou conseguir fazer melhor que hoje. E porque como diz o António Franco, é muito bom andar por cá!
Obrigada a todos pelo apoio!
Obrigada aos meus acompanhantes de LUXO! eheheheheheheh


Beijooooooo

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Treino

Aiiiiiiii, já está!
Mais um Natal! Mais uns dias de loucura gastronómica! E quando digo loucura, é mesmo disso que se trata, literalmente, sem recurso a qualquer tipo de figura de estilo...
E não, não vale a pena chorar agora. Não corri de manhã. Daqui a pouco vou correr. Vem aí um dia único, inesquecível: a minha primeira corrida. É já Domingo. S. Silvestre do Porto!! 18h. Não vou caber em mim de felicidade quando acabar. Até à bem pouco tempo era completamente utópico pensar que poderia correr mais de 500 metros sem morrer de insuficiência respiratória. Mas, afinal é possível. E vou fazê-lo. Orgulhosamente!!!

Confesso que sou muito preguiçosa. Comecei a correr porque percebi que quando faço exercício físico posso comer à vontade. Não engordo. (Imaginem o que aconteceu nas últimas semanas em que estive doente, de cama, sem mexer os músculos... Não é bonito!!!) Tenho uma tendência natural para engordar. Nem preciso comer. O cheiro já me faz ganhar peso. Mas, sim, gosto muito de comer. E beber!! O exercício físico faz-me sentir bem. Durante 1 hora ouço música, mexo o corpo, penso na vida e transpiro. E não há melhor!

E agora vou... Talvez uns 6-7 kms. Amanhã só caminho. Descontraidamente. E Domingo farei de tudo para sorrir enquanto concretizo uma proeza na minha vida.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Os Louboutin da vida

É bem conhecida a paixão assoberbada do mulherio por sapatos. Todas sonhamos com uns Choo, Manolo, Onofre (para não dizerem que eu não gosto do que é português!!!). E todas sonhamos também com a famosa sola vermelha dos Louboutin.
E sabem que mais?? Acho que devia ser obrigatório. Quando nasce uma menina deviam dar logo um vale na maternidade para a compra dos primeiros saltos de sonho feminino. Mas não!! Temos ou que nascer ricas, ou casar bem, ou trabalhar como mouras para conseguir comprar o sonho (incluo-me na ultima hipótese, por isso, trabalha!!!!).

Esta semana demos início a uma grande aventura. Há muito que tínhamos decidido adoptar um amigo de quatro patas e essa oportunidade surgiu e chegou-nos a casa um cão de 2 anos, todo preto, bem tratado (estava numa casa, mas não o queriam mais...) e já com nome. Decidimos que iríamos trocar-lhe o nome. E como eu já o imagino todo preto e com uma coleira vermelha, decidi, em homenagem à minha paranóia por sapatos, que ele seria o Louboutin, Loubie para todos os que queiram privar com ele.

Agora existe mais um "personagem" na minha vida. Preparem-se! Vou seguramente escrever muito sobre ele também!


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Nem tenho título para isto...

Confesso que nem sempre estou atenta às notícias diárias. É muita desgraça junta. Muita hipocrisia. Muita política. Muito futebol. E não tenho paciência! Ponto!
Estes dias, como estou doente e estou por casa, lá tenho a tv a funcionar nos canais de notícias e, pelos vistos, alguma coisa fica retida no meu cérebro debilitado pela gripe. O que ficou?? Além dos banqueiros a acusarem-se uns aos outros na AR, e do FCP ter passado mais uma fase da Champions, ficaram sobretudo dúvidas sobre a merda do país em que vivemos. Que a Justiça era cega já eu sabia (defeito de formação...). Agora injusta é que não sabia.
Vejamos então. Acompanhem-me, por favor. Esta semana uma cidadã foi "apanhada" a conduzir alcoolizada com os seus quatro filhos menores dentro do carro. O que aconteceu? Pegaram nas crianças e tiraram-nas à mãe. O que eu acho? Acho bem!!! Então passa pela cabeça de alguém embebedar-se e ir para a estrada conduzir? Não!!! Com os filhos no carro?? Muito menos! O que acontecerá a seguir não sei. Mas estes processos delicados devem ser analisados por quem de direito. Técnicos, psicólogos, os professores das crianças, médicos e a Justiça. Porque a verdade é que é necessária uma união de esforços para que não haja mais traumas nem tristezas do que os que eventualmente já existem.
Até aqui tudo bem (ou tudo mal, mas encaminhado para ficar bem. Será??). O que me deixou doida foi outra notícia. Assim, lembram-se do caso do GNR que foi condenado por ter acabado por matar uma criança, durante uma perseguição, depois do pai da criança ter cometido um crime?? Pois esse pai (que até estava evadido da prisão, onde cumpria pena por outro crime), pegou no filho menor, enfiou-o na carrinha, levou-o para um assalto, fugiu às autoridades e quase atropelou agentes, e, infelizmente, o filho foi vítima do tiroteio que entretanto aconteceu. Esse pai, que colocou o filho em perigo, tem direito a receber 11.000€ de indemnização, indemnização essa que o GNR foi condenado a pagar por estar a cumprir o seu dever. É só a mim que isto soa mal ou há mais alguém por aí com o mesmo sentimento??
Então a outra leva os filhos alcoolizada e nem pode vê-los, e este leva o filho para um assalto, foge à polícia e agora recebe 11.000€??? E ninguém o condena por ter colocado o filho em perigo?? Andamos todos a dizer que os pais da Maddie são negligentes porque deixam os filhos sozinhos no apartamento e vão para os copos. O que acontece? São recebidos pelo Papa. Este leva o filho para um assalto e o que acontece? Recebe 11.000€ ...

Juro que há coisas que me ultrapassam mesmo. Pode ser só a gripe a afectar-me, mas acho que é muito mais que isso!!

Além disto há uma questão muito pertinente. Então o agente  está no cumprimento do seu dever e vai ter que arranjar 55.000€ para pagar uma indemnização?? A Justiça está a dizer o quê aos agentes? Está a dizer-lhes para estarem quietos e não se mexerem quando houver chatices. Cumprirem o seu dever pode causar-lhes problemas. A mãe até podia receber uma indemnização, mas meus amigos, quem deve pagá-la é o Estado Português. Aquele agente não estava em serviço privado, individual, porque sim, porque lhe apeteceu. Alguém o chamou porque houve a prática de um crime, ele estava de escala e cumpriu o seu dever. O que aconteceu? Uma tragédia porque o pai do menor o levou consigo. E agora? O agente terá que hipotecar a sua vida para pagar 44.000€ à mãe e 11.000€ ao pai, criminoso!!! Poupem-me! O mundo está virado do avesso, é verdade. Mas parece-me que a Justiça, além de cegueira, sofre de outra qualquer patologia, talvez de foro psiquiátrico ou neurológico. Digo eu, mas não sou médica!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

É muito tempo...

Não contamos o tempo sempre da mesma maneira.
Os minutos parecem uma eternidade quando estamos à espera de alguém (e acreditem que destas esperas eu percebo), mas os dias parecem minutos quando estamos bem, a viajar, a ler um (bom) livro, com os amigos...
Porém, há tempos que são sempre iguais. Há segundos que se arrastam na saudade. Minutos que caem em lágrimas sofridas. Horas que batem descompensadamente num coração triste. Dias, meses, anos que nos afogam num semblante carregado, em gestos ténues de nostalgia, porque foste e não voltaste.
Passaram 10 anos. Era sábado. Lembro-me do que comi. Lembro-me do que tinha vestido. Lembro-me do que senti. Por muito tempo que passe, o tempo vai passar sempre no ritmo triste desta falta que sinto da tua presença. Este ritmo que me diz diariamente que não conhecerás o meu filho, que ele não andará agarrado a ti, que eu não posso agarrar-me a ti sempre que preciso. Fazes-me falta. SEMPRE. Porque não consigo habituar-me à ideia de ter ficado sem ti. Não consigo aceitar a injustiça de teres ido nessa viagem sem mim. Não consigo conceber que não tenhas voltado. 

Still hurts... 10 anos é muito tempo...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A beleza do Inverno

Ahhhhhh que felicidade chegar ao Inverno. Como é lindo o frio, os cachecóis, os gorros, as botas, as meias de lã, os guarda-chuvas, as luvas, os casacos, o céu cinzento, a chuva, a trovoada, os dias mais curtos e... As doenças!!!
Chegou o Inverno e com esta estação fofinha já chegaram também as doenças cá a casa. Ao contrário do que podem estar a pensar, o Puto, my little P., está rijo. Fica ranhoso uns dias, com uma tosseira e uns espirros e passa. Mas continua sempre como se nada estivesse a acontecer. Come, brinca, explora a casa, os móveis, as gavetas, os brinquedos como se não houvesse amanhã. Quem está mal sou eu!! Pensei que iria ter um fim-de-semana prolongado adorável. Decorações de Natal, passeio pelos Aliados, bolachinhas de limão e gengibre, brigadeiros de tangerina, carne assada com castanhas, vinho tinto, hmm!!! E tive um fim-de-semana mais que adorável. Dores de garganta, tosse, espirros, febre, frio, funguice e ranhoca, ar de cadáver ambulante... Não é maravilhoso o Inverno?? 5 dias depois e já medicada (e podem adivinhar o quanto eu odeio tomar medicamentos...) o cenário mantém-se. Isto já não é gripe, já não é infecção respiratória. É macumba!!!!! Parece que um comboio me atropelou. E, confesso, essa é a única maneira de me manter calada (sempre que digo alguma coisa fico com falta de ar)!

E assim sendo, solicito-vos alguma mezinha que possa ser melhor que o camião de medicamentos que estou a tomar, porque isto não está a resultar. Conhecem alguma coisa? 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Dezembro

E chegamos a Dezembro. E começam os almoços e jantares de Natal. E começa a loucura do Shopping. E dá-se inicia à azafama da árvore e das bolas e das luzes...

Há coisas que acho verdadeiramente especiais nesta época, mas há outras que odeio. São um frete e preciso de escavar muito para ver a beleza da coisa. Uma delas são alguns almoços/jantares de Natal. Aqueles em que as pessoas vão para não parecer mal. Aqueles em que as pessoas vão e levam uma prenda para alguém que até odeiam ou uma prenda sem destinatário estipulado, que odeiam comprar, porque leva tempo, não têm imaginação para tanta merdice ou simplesmente porque vão gastar dinheiro nisso (o que têm pouco ou que não têm de todo). Aqueles em que as pessoas aparecem de sorriso nos lábios e se sentam em convívio com as pessoas de quem dizem mal o ano inteiro. Aqueles em que vão só para ver o que a Cristina da contabilidade leva vestido. Aqueles em que vão para ver se a Barbara dos RH vai olhar de maneira diferente para o Miguel da segurança, já que se andam a comer e ela só casou há 1 ano e foram todos ao casamento... Aqueles em que se aproveita para beber uns canecos a mais e o Jorge do Marketing ganha coragem para fazer uma investida à Catarina, secretária da Administração, boa como o milho!! E são aqueles almoços/jantares em que todos desejam "Feliz Natal", mandam cumprimentos à família que nem se conhece, mas se sabe que existe (afinal todos têm família, não?), se deseja um novo ano repleto de felicidade, quando em abono da verdade, espectacular seria se a vizinha do lado tivesse uma diarreia diabólica ou ficasse com uma infecção urinária e não se aguentasse sentada à mesa de Natal no dia 24... Ou então punha uma fralda, daquelas Tena Lady, que dizem ser fabulosas e absorventes!

E é isto!! Já vos disse que adoro o espírito destes almoços/jantares de Natal??

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Festaaaaaaaaa

Todos sabem que adoro festas. Todos sabem que adoro aniversários, casamentos, comunhões e baptizados. Todos sabem que ando sempre à procura do melhor motivo para festejar. E que melhor motivo que o PRIMEIRO aniversário do meu little P.??
Um ano passou desde o dia em que ele nasceu. E um ano passou desde o dia em que saí com ele do Hospital. Não sei se vos disse, mas festejo essa data com semelhante alegria. Só saí do hospital no dia 24 de Novembro ao fim da tarde (o Pedro nasceu no dia 18, às 6:10) e estava tão farta, mas tão farta de lá estar que até chorei no momento em que o pediatra de serviço me disse que o Pedro podia finalmente ir para casa (e eu também...)!
Pois bem, não é isto motivo suficiente para festejar? 
O primeiro aniversário do P. foi fácil de programar. Ele ainda não exige nada. No próximo ano acho que já não vai ser assim. Já estou a imaginar-me a ceder àqueles bolos com o homem aranha, ou com um carro qualquer que tenha nome... Brrrr... Isso vai custar-me horrores! Mas também tenho esperança que ele queira apenas o Mickey ou uns animaizinhos mimosos, ou melhor, um bolo de Lego. Aliás, adivinhem qual vai ser o meu presente de Natal para o Pedro este ano??? Siiiiim. Os seus primeiros LEGO! 😊😊😊😊😊
Mas não vamos sofrer por antecipação. Voltemos ao primeiro aniversário. Eu escolhi o bolo, eu escolhi a roupa dele, eu escolhi o lugar da festa, eu escolhi os convidados, eu escolhi a comidinha boa. Ahhhhhhhhhh. Já vos tinha dito como adoro festas?? Eheheheheheheh
Resumindo e concluindo, foi uma festa para adultos, com as crianças da família. O lugar foi o mesmo do baptizado e que aconselho vivamente. SAOM!!! Vista privilegiada sobre a cidade e pessoas que já fazem parte da família.

Agora? Venha o Natal. Já estou a pensar nos doces que vou fazer pela primeira vez. Vai ser a loucuraaaaaaaaa.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Amizade rima com SAUDADE

Este fim-de-semana foi agitado, divertido, corrido, único, memorável. Fizemos a festa do primeiro aniversário do little P. num espaço maravilhoso (SAOM) e rodeados das pessoas mais importantes da nossa vida.
Como sabem prezo muito a minha família, sempre presente, mas prezo também (e muitoooooooo) os meus amigos. E é sobre isto que quero escrever hoje. A amizade, aquela relação que se cria por algum motivo, que se alimenta, que se mantém. Tenho amigos muito especiais. Sempre prontos e alerta para quando mais preciso deles. E sou uma "expert" na amizade à distância. Tenho amigos espalhados pelo mundo e isso requer da nossa parte mais atenção.
No sábado a minha querida APC teve uma verdadeira aventura entre aeroportos e autocarros desde as 3:30h da manhã para conseguir chegar a tempo da festa do Pedro. Que posso eu dizer sobre isto?? Não há palavras! Não há nada como um abraço tão honesto e tão verdadeiro. É amor!! Amor sentido por mim, pela família que criei, pelo meu filho! 
E depois, com estas amizades todas à distancia chegam as viagens ao aeroporto. Viagens de euforia quando as amigas chegam, viagens feitas no silêncio da tristeza e da saudade quando as amigas partem. Ontem fui levar a APC ao aeroporto. E choro sempre que uma delas vai. Lá ou no caminho ou em casa. São lágrimas de quem sabe que não pode abraçar a qualquer hora. Lágrimas de quem sabe que tem fuso horário a respeitar se quiser pegar no telefone e ligar.
Odeio estas distâncias. E ultimamente estas viagens ao aeroporto são mais frequentes, já que fruto da situação catastrófica do país, a minha querida AM (Belinha para mim) foi obrigada a deixar Portugal, o Porto, os filhos (a mim) e foi viver para Luanda. E ainda no outro dia lá fomos todos (até o little P. a dormir ao colo do pai) dar-lhe um beijo e um xi apertado (daqueles que queremos que durem para sempre, como se apertar mais deixasse a sensação de que vai durar mais...), porque temos saudades.
Às vezes acho que o mundo é pequeno, nesta época de globalização e telecomunicações avançadas. Mas na hora da despedida acho sempre que o mundo é demasiado grande para ter amigas assim tão longe fisicamente umas das outras. Os oceanos são imensos, os continentes gigantes. E tenho tantas saudades vossas...

Amo-vos do fundo do coração e sei que não são continentes ou oceanos que estragam uma amizade, mas há dias assim, em que amizade e saudade se confundem, rimam uma com a outra e deixam um aperto no coração.

Beijooooooooo do tamanho dos oceanos e continentes entre nós, desta vossa amiga para sempre,
Ana ou Isa!!!! 😉

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Muito mais que um Pijama

Hoje é o Dia Nacional do Pijama! E perguntam-me vocês "O que é o Dia Nacional do Pijama??"

Eu respondo! O Dia Nacional do Pijama é um dia educativo e solidário, feito pelas crianças com o objectivo de sensibilizar o país para "o direito de um criança crescer numa família". Mas hoje é uma dia Nacional do Pijama especial. Porquê? Celebram-se também hoje os 25 anos do Dia da Convenção Internacional dos Direitos das Crianças.
Em Portugal existem 8142 "crianças invisíveis", separadas dos seus pais, que vivem em instituições. O objectivo da Missão Pijama é sensibilizar os portugueses para esta causa. Já pensaram como a realidade destas crianças poderia mudar se estivessem em famílias de acolhimento? Já imaginaram como seria diferente a rotina de vestir o pijama e ir dormir? É para isso mesmo que se pretende alertar com esta causa.

Para o P. está a ser um dia muito semelhante a todos os outros. Acabou de fazer um ano e ainda não entende tudo o que está a acontecer à sua volta, mas para mim não! O infantário que o P. frequenta motiva os pais a participarem activamente em todas as actividades das crianças e convidou todos os pais a participarem numa actividade do Dia Nacional do Pijama. O Porto Canal foi fazer uma reportagem. Os pais cantaram e fizeram a coreografia da música que o Pedro Abrunhosa criou para esta causa, estiveram com os filhos até mais tarde no infantário e deixou-me a pensar muito.

Já escrevi isto antes, a propósito da adopção por casais homossexuais. Repito!! É indiscutível que todas as crianças têm direito a crescer numa família. É indiscutível que o Estado tem obrigação de providenciar todos os meios para que tal aconteça. E é sobretudo indiscutível que cabe a cada um de nós estar alerta e alertar para que as crianças possam ter o conforto que uma família proporciona.

Assim, participem. Divulguem. Tomem conhecimento. Falem disso. Quem sabe conseguimos mudar as coisas?

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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Último capítulo. Ou talvez não.

E lá fiquei eu, tranquila, a pensar que a epidural estava garantida. Afinal era só esperar até às 5h da manhã. A médica até disse ao meu paciente marido para ir descansar para o cadeirão... E foi... E eu adormeci! Até àquele momento em que comecei a ser "sacudida" por uma espécie de choques eléctricos na barriga. Seriam as contracções? Só podia! Comecei a contar o tempo entre elas, começou a encurtar rapidamente. Já me contorcia de cada vez que chegava mais uma. Chamei a enfermeira e Deus mantinha-se a comer pipocas e a rir. Não aparecia nada no registo de contracções e a enfermeira achou que estava a exagerar. Foi embora... Via os minutos a passarem. Rezava para aguentar até às 5h da manhã, e perto dessa hora disseram-me que tinha que ir para a sala de partos. Foram ligar para o anestesista. E?? Então?? Demora muito? 

Bomba!!! "Ana, o anestesista de serviço só lhe dá epidural às 7h!"
Cara de horror! Pânico! Drama!
Podemos esperar até lá???

Não podia! O parto estava avançado. Tiveram tempo de me preparar e pouco mais. 
Mas acham que o filme acabava assim?? Nem pensar. Durante o parto ainda houve tempo para gargalhadas. Não de Deus, mas de quem me rodeava!
Pois imaginem no meio daquilo tudo, eu exausta, com dores nas costas, com muito sono, a médica a dizer-me para fazer força e puxar para o rapaz sair e a enfermeira com pena de mim disse-me:" D. Ana, tenha calma. Vai conseguir! É o seu primeiro filho??"
Olha agora... Era só o que me faltava! Abri os olhos, respirei fundo e respondi "É o ultimo!"

Ahahahahahahahahahahahahah

Coitada da enfermeira. Tão cuidadosa e só faltava eu bater-lhe.

Depois foi a vez de apanhar um susto. Sempre que abria os olhos via a médica à minha frente. Uma senhora baixa, tranquila, cuidadosa, atenciosa. Mas uma das vezes que abri os olhos vi o meu marido ao lado da médica, mesmo à minha frente, e eu de pernas abertas prestes a parir a nossa cria... Gritei (aliás, quis gritar, mas não tinha forças para gritar, por isso acho que balbuciei) "Que estás aí a fazer?"
Resposta????
"Lamento informar-te que não vais ter um filho careca, como sonhaste. Ele tem bastante cabelo!"

Acham normal? Digam-me a verdade! Acham normal?????? 

Pipocas... Pipocas...

Às 6:08h no meu relógio, 6:10h no relógio da sala de partos (e hora do registo), nasceu o Pedro, com 35 semanas. Eu encostei-me para trás e perguntei "Já está? Acabou? Saiu?" Depois de o examinarem e verificarem que não precisava de ir para a incubadora trouxeram-no para o meu colo e, pensei eu "Já? Tem que ser agora? Não posso dormir só 1 horinha e depois tratar dele?"

Pois não! Esquece lá isso que só voltas a dormir em condições nas reuniões de ciclo! 

O Pedro era tranquilo. Ficou encostado a mim, de olhos bem abertos, mas sem se mexer. E eu cheia de medo que o miúdo tivesse algum problema, porque achava que todos os recém-nascidos choravam muito. Mas não! Era apenas muito melhor do que eu alguma vez sonhara.

E agora perguntem-me "E depois do parto?"
Ora bem, eu respondo-vos. Depois do exacto momento em que o Pedro nasceu cheguei ao paraíso. Acabaram-se as contracções, não tive mais dor rigorosamente nenhuma a partir desse momento. Digamos que a natureza sabe o que faz e que quando corre bem quase podemos correr 10 kms logo depois de parir... Não foi o caso, mas a recuperação física de um parto como o meu é mesmo muito fácil.

Acham que acabou? Não. Tudo começa agora!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Comer pipocas!!

Pois bem, voltamos a Domingo, 17 de Novembro.
Ainda antes de chegarmos ao Big Tasty (ai, meu Deus, porque me fizeste gulosa além de gira???), esqueci-me de um pormenor precioso. Fui internada porque estava já a "perder" líquido amniotico. Qual ironia do destino, eu que vendo medicamentos para a Bexiga Hiperactiva e para quem tem HBP, para quem tem problemas urinários, alguns incontinentes, outros a pingarem aos bocadinhos, senti na pele o que é ter "perdas", felizmente não de urina (oh my God, também não me faltaria mais nada, não?? Deus não se lembrou disso, senão tinha ficado a comer pipocas enquanto ria...). Pois bem, nesse Domingo essas ditas "perdas" intensificaram-se e passei o dia a ser examinada pela médica de urgência, porque a enfermeira de serviço (a abençoada que me deu aquela banhoca boa) passou o dia a chamá-la para me ver. A médica decidiu por fim que podia esperar até segunda-feira. Porquê?? Porque nesse dia a lua mudou e tudo que é grávida da cidade do Porto decidiu parir e a neonatologia também estava a abarrotar... E porque sim! Percebemos quando estamos internados que as explicações também não abundam. Os srs. Drs. acham que não temos capacidade de entender a realidade e por isso têm tendência a omiti-la... Desculpem-me os que não são assim, mas naquele serviço a maior parte é assim... E não podemos esquecer que ainda só estava na semana 35 e o Pedro só devia nascer passadas 5 semanas e não sabíamos se teria que ir para a incubadora, para a neonatologia... Mas pronto, já não nascia Domingo e lá comi eu o meu Big Tasty e a abençoada enfermeira deu-me a injecção de Lovenox na barriguinha (era barrigona, mas não vamos agora falar nisso, que ainda é um assunto que me deixa sensível!), injecção essa que tive que tomar TODOS os dias da minha gravidez! Não! Eu não gosto de agulhas. Eu desmaio sempre que tiro sangue. Sim, eu ODEIO agulhas. E sim, levei uma injecção TODOS os dias da minha gravidez. (Lá está mais uma vez Deus a comer pipocas e a rir às gargalhadas!)
À horinha certa chamaram as visitas para irem embora e lá fiquei com a minha companheira de enfermaria, lágrima no canto do olho, enquanto via os meus a partirem e eu a ficar, deitada, para mais uma noite sozinha, a dormir mal, na ansiedade do que poderia acontecer.

Mas... A médica voltou e disse "Vamos induzir". Não, meus amigos, não vão provocar parto nenhum, porque provocar é uma palavra que nos leva para coisas más, e isto do parto é um favor que nos fazem. Por isso, induzem, ok?
"Vamos induzir? A que propósito? Então não era para esperar até amanhã?"
Era, mas vamos induzir já. Temos vaga na neo e induzimos já!"

What the fuck!!! É agora? Vai ser agora? Mas o meu marido foi embora. E eu estou sozinha. E faltou acrescentar "e acagaçada até à ponta dos cabelos..."

Liguei ao meu marido. Ele estava no shopping a jantar. Janta, janta, que a sobremesa já está a caminho!! E tu põe-te a caminho também! Tudo a caminho!!!

E eu lembrei-me que já não ia sozinha ao wc há uma semana. Coisas taaaaaaaaao simples. Pronto, aqui está a exigência de quem está prestes a parir "quero ir sentar-me numa sanita, faxabor!" E fui! Mas depois disso fui examinada pela Dra. Inês. Examinada pela vigésima vez nesse dia. What the fuck outra vez... Ah e coisa e tal já está com não sei quanto de dilatação e tem já que descer. A sério?? Se eu soubesse tinha ido antes ao wc, o puto tinha nascido antes e eu não tinha ficado tanto tempo deitada... Ahhhhhhh! Apanhei-vos! Brincadeira! Mas passou-me pela cabeça!

E lá arrumei as tralhas (acumulei isto tudo numa semana???) e desci de cadeira de rodas, porque mais uma vez não me deixavam andar. Acho que tinham medo que o catraio me caísse pelas pernas abaixo! Durante a semana, para ir fazer ecografia 2 salas ao lado também me obrigavam a ir sentada numa cadeira de rodas. Foi aí que comecei a achar que os bebés podiam escorregar a qualquer momento pelas pernas abaixo. Não sei para quê tanto drama com os partos. Afinal, damos 20 passos para a esquerda e 20 passos para a direita e eles nascem...

Já tinha cateter, examinada outra vez e... Caiu a bomba!
"- Tomou Lovenox às 19h e só pode fazer epidural às 7h da manhã.
- Desculpe?
- Como tomou Lovenox às 19h, só pode fazer epidural às 7h da manhã.
- Nao se importa de repetir? Acho que não estou a entender..."

Lá repetiram, explicaram e eu recusei a indução. Mais uma vez, não queriam provocar, queriam induzir. Mas eu não queria nem uma coisa nem outra. Sem epidural??? NÃO! Ninguém me tira o puto daqui! E acabou-se!

Ok! Entretanto o meu marido chega. Ponho-o ao corrente e vem outra médica e diz "já pensou que pode na mesma entrar em trabalho de parto e no entretanto a incubadora que está livre pode ser ocupada por outro bebe e corre o risco do seu filho ter que ser transferido para outro hospital??" "Desculpem-me, mas foda-se! Tinhas que vir agora colocar essa dúvida maquiavélica na minha cabeça? Estou cansada, não podia esperar até amanhã de manhã para me dizer essa merda??" Isto era a minha cabeça a pensar. Não se preocupem que não disse isto à médica. Mas era um desabafo mental. Depois disto, também tenho direito a dizer umas asneiras para aliviar o stress!

"Pronto, ponha lá essa coisa a correr. Vamos lá começar a festa sem epidural porque jamais me perdoarei se o meu filho precisar de incubadora e não tiver uma disponível, se o meu filho for transferido e eu ficar aqui. Jamais!" Vantagem?? Estão a ver aquela agulha maravilhosa da epidural?? Não a vi!! Menos uma!

Passado algum tempo, quando ainda tudo estava tranquilo, a médica inicial veio dizer-me que um dos anestesistas me daria epidural às 5h da manhã. (Com isto tudo já devia ser meia noite ou 1h da manhã. Para dizer a verdade, não sei especificar que horas eram porque estava cheia de sono e só me apetecia dormir. Sim! Mesmo durante a dita indução sem epidural só me apetecia dormir e chegava a adormecer entre as contracções quando já as sentia. Espectacular, não é??) Sugestão: diminuir a dosagem de oxitocina para metade para tentar aguentar até às 5h da manhã. Good!! Deus é grande, pensei eu. Mas mais uma vez ele estava a rir e a comer pipocas...


A saga do internamento...

Já vos disse que não podia levantar-me para tomar banho, não já?? 
Pois bem, contem há quantos dias estava eu internada por esta altura o ano passado e pensem como é receber banhinho deitada na cama... Um horror!
Estava tão triste que no dia 16, sábado, me queixei a uma das enfermeiras. Disse-lhe que sonhava com um duche. Com a água a cair-me pela cara abaixo. Com o cabelo molhado... Enfim... Queixei-me. E eis que no dia 17, Domingo, a mesma enfermeira entrou ao serviço às 8h da manhã e veio ter comigo. "Está preparada para um duche?" Eu respondi-lhe "Não brinque comigo que estou muito sensível!!!" Passado algum tempo ela chegou com uma maca própria. Pediu à auxiliar ajuda. Tirou a roupa e "vestiu" literalmente sacos do lixo para se proteger da água. Ajudaram-me a passar para a outra maca e disseram-me para não me levantar. Levaram-me para o wc da enfermaria e abriram o chuveiro!!! Ahhhhhhhhhh, que emoção!!!!! Um duche! É verdade que não pude levantar-me. E tomar um duche deitada não é igual, mas soube tão bem... Tive direito a tudo o que é bom. Massagem capilar, massagem no corpo, na barriguinha, nos pés... Que maravilha!!!
Quando finalmente voltei para a minha cama na enfermaria, liguei ao meu querido marido para ele ir comprar lanche para as enfermeiras e auxiliares... Jamais me esquecerei da atitude daquela enfermeira. Até porque ela marca este meu dia 17 de Novembro. A véspera do grande dia... E acham que isto tem sido uma grande aventura?? Quando escrever sobre o parto, perceberão que o melhor ainda estava para vir!! 
Este dia foi a véspera do nascimento do Pedro e tal como todas as vésperas de acontecimentos marcantes, também tive um jantar muito especial (mal eu sabia que seria a última coisa que comeria antes do Pedro chegar!). A minha querida amiga Anabela decidiu ir visitar-me ao fim da tarde e levou-me um menu Big Tasty, o meu favorito! Comi as batatas, com molho de batatas, pois claro, bebi coca-cola (ao longo da gravidez nunca bebi refrigerantes. Isto devia ter sido visto mesmo como um sinal divino) e deliciei-me com o Tasty carregado de Ketchup. Deviam ter visto a cara da Dra. Inês quando lhe disse qual tinha sido o meu jantar, antes de decidirem provocar o parto. Foi digno de uma cena de filme!!
E chegou a hora de todos irem embora... Até amanhã!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

2 dias depois...

Pois bem! Já tinham passado 2 dias e eu continuava numa enfermaria do Hospital de S. João, deitada, sem poder fazer nada... Não conseguia dormir porque me doía o corpo todo, só me apetecia comer para passar o tempo...
Aiiiiiii meus amigos, dias difíceis estes. E ainda não sabia quanto tempo mais poderia durar o internamento.
Hoje quando "olhei" para trás para me tentar lembrar deste dia há precisamente 1 ano lembrei-me de uma coisa interessante: há 1 ano atrás o sol brilhou todos os dias. Não choveu a semana toda, mas estava um frio próprio de pólo norte. Não, não senti o frio. Na enfermaria estava imenso calor, mas as visitas chegavam sempre cheias de roupa e geladas. Já o sol, esse via logo pelas 7h, quando vinham abrir os estores das janelas... 
A vida num hospital, quando estamos rodeadas de pessoas boas, pode acabar por ser engraçada. Há pessoas que ficam sempre "gravadas" na nossa memória, quer pelas atitudes e gestos, quer pelas palavras em momentos difíceis. E as pessoas brincam umas com as outras, vêm desejar-nos boa noite, vêm perguntar se estamos bem. E não venham dizer que é obrigação. Não é!!! Estas pessoas têm a obrigação de ser profissionais exemplares, mas são mais que isso. São humanos que percebem as fragilidades de quem está internado e melhoram substancialmente os dias que teimam em passar devagar. 
Tudo isto... E eu sempre deitada! Deitada! Deitada! 
Quanto tempo aguentaria eu antes de enlouquecer?

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Estado de choque! 1 ano...

Um ano... Há um ano a esta hora estava já na urgência do S. João. Estava grávida de 34 semanas e tive que ficar internada. Ruptura de membrana. O Pedro não devia nascer ainda... Injecções e mais injecções, maturidade pulmonar (ou a falta dela), exames, análises, medicação, e... "Não pode levantar-se!!" E aí começou o drama. Enfermaria de 3 pessoas. (E devo confessar que tive muita sorte. Além de ter 2 companheiras de enfermaria simpáticas, amorosas e atenciosas, fiz uma amiga. E estou certa que o P. e a M. serão amigos...) 
"Mas posso ir à casa de banho, não posso?
- Não!
- E não posso ir tomar banho?
- Não!
- Quanto tempo? Só hoje??????!!!!!!
- Não! Até o seu filho nascer!
- E isso será?...
- Não sabemos, mas esperamos que consiga aguentar-se pelo menos 3 dias!"

O quê??? Deixa-me ver se entendi. Estou grávida de 34 semanas, chorona e gorda. Não posso levantar-me para ir ao wc. Não posso ir tomar banho. E a juntar a tudo isto, terei que sujeitar-me a fazer necessidades e tomar banho na cama, numa enfermaria com mais 2 pessoas??? É isso??? 
Sim! Era isso!!!!!!

E assim foi o meu dia. O primeiro foi apenas de estado de choque. Já os próximos... Bom, os próximos vou contando!!! 

Até amanhã!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

S. Pedro, S. Pedro!

S. Pedro, S. Pedro, o que se passa contigo? Deixas-me confusa. Nao sei o que vestir. Não sei o que calçar. E agora que visto e calço duas pessoas (a mim propria e ao little P.) e ainda preparo a roupa extra para o garoto levar para a escola, as minhas manhãs estão cada vez mais dificeis. Diz-me, S. Pedro, porque mudas tu assim de repente? Que sentimentos e emoções são essas que te levam a enviar-nos o Verão num dia e o Inverno rigoroso no outro? Sabes S. Pedro, podias fazer terapia. Talvez te ajudasse nessas constantes mudanças de humor... Que dizes? Alinhas? Podes tentar fazer terapia de grupo e levar contigo aquelas pessoas que mudam de casa e namorado como quem muda de roupa interior... A Humanidade em geral e eu em particular agradecemos!! Equilibrio, precisa-se!