domingo, 10 de maio de 2015

3 X 10 kms

9 de Maio de 2015. 1ª Corrida Marginal Douro. Dorsal 999.
 
Adorei o número do dorsal quando, na sexta-feira, antes de ir levantá-lo, fiz a pesquisa no site da runPorto e descobri. Pensei eu "isto é um bom número. Tenho que fazer menos de 1h"! Pensei e fui ontem com muita vontade de fazê-lo, mas consciente que teria que fazer muito bem as subidas...
Vou avançar já para o fim e avisar todos que não consegui. Fiz 1:02:39. Estou triste? Sim! Mas entendo que correu bem, que já melhorei bastante atendendo aos treinos que faço e que afinal não foi na terceira, mas será na quarta!!!
 
Vamos ao que interessa. Fui correr com o meu primo. O objectivo era comum e ele conseguiu!!!!! Boa primo!! Na segunda subida percebi que ele ía atrasar-se por minha causa e jamais o seguraria para ter companhia. Disse-lhe para seguir, recuperar com calma e desejei-lhe sorte. Cruzamo-nos quando eu já estava perto do Cais do Cavaco, ao km 7,5 (mais coisa, menos coisa). Ele fez-me sinal de que estava bem. Eu retribuí.
 
Nessa altura eu já tinha passado uma vez pelo Luís Pedro, pelo Pedro e pelo Diogo, que me aplaudiram e gritaram por mim. Ahhhhhhhhhhh Que emoção é para quem vai a correr, sozinho com os seus pensamentos e a sua música (eu só corro com música) ver alguém conhecido, neste caso que ama, ouvir o nosso nome... Dá-nos mais força, dá-nos vontade de seguir. As dores passam, a respiração melhora, as pernas ficam mais leves. Eu sempre gostei de ir apoiar os meus amigos. Grito por eles, bato palmas por eles e por todos. Grito "Força", "Está quase", "Campeão"! Enfim, grito o que me lembro no momento. E isto sem nunca ter feito uma corrida na vida. Agora que já fiz posso garantir a todos os amigos e corredores que não conheço que não voltarei a ficar em casa quando houver uma corrida por perto e eu tenha condições para ir. Hoje sei como é importante o apoio. Isso leva-nos ao colo. Podem ser apenas uns metros, mas serão certamente uns segundos mais felizes, menos dolorosos e com mais motivação. Ora bem, voltando à corrida, passei por eles ao km 6 e pensei "Já falta menos de metade! Vai! estás no limite! Talvez ainda consigas!" Ao km 9 ouvi uma corredora dizer ao companheiro "Se nos mantivermos assim fazemos 1:03:00." Olhei para o relógio. Mantive o ritmo porque sabia que ainda me faltava uma ligeira subida. Olhei para o passeio mas eles já não estavam no mesmo lugar. Mais um esforço. Só mais um bocadinho... Quando saí da estrada resolvi acelerar. Eram uns metros, mas conseguia. As pernas ainda deixavam. E olhei para o lado. Ouvi o meu nome. Lá estavam eles, já com o meu tio, o meu outro primo e o filho dele. Nunca corri tão rápido. Um esforço final para chegar no tempo 1:02:39 (no meu relógio foi 1:02:02).
 
Acabei a corrida com um sentimento contraditório. Acabar uma corrida é sempre motivo de felicidade. Eu baixei 9 minutos o meu tempo em relação à Corrida do Dia do Pai e 10 minutos em relação à primeira corrida da minha vida, a S. Silvestre, em Dezembro de 2014. Ainda assim, em Dezembro achava que por esta altura já conseguiria fazer os 10 kms em menos de 55 minutos. Não consigo. Há que admitir as falhas e os fracassos. Não treino o suficiente, ainda não consegui enraizar o espírito para isso. Mas vou conseguir. Alguém duvida??
 
Depois de passar a meta, recolher a água e a maçã, encontrei o meu primo. Foi quando me disse que tinha conseguido. 0:57:00... Well done! E eis que de repente, quando já tinha saído do espaço da meta e já estava do outro lado das grades, ouço o meu nome "Ana! Oh Ana! Ana!" Olhei e era a Aurora Cunha, de mãos dadas com o Diogo... What?? Eu respondi, a medo "Sou eu! Aqui!" Ela a rir-se, bem disposta, muito bem disposta "Tenho aqui este menino. É seu??" "É! Mais ou menos..." Não estava a perceber nada. Ela devolveu-me o "meu" Diogo através das grades e deu-me os Parabéns por ter ido correr. Depois o Luís, que vinha do meu lado das grades a par com eles, contou-me que ela tentou também pegar no Pedro para mo levar até à meta, mas ele não quis. Começou a chorar. Então perguntou ao Diogo e ele lá foi, mais que depressa, entusiasmado com o espírito. De pequenino se torce o pepino!!!
Pois bem, tenho mais um dorsal e mais uma medalha para a caixa das corridas. Ainda se vê o fundo da caixa. Um dia ela estará mais composta. Nunca imaginei correr. Corro porque o meu marido sempre me disse que eu conseguiria e me incentivou a experimentar. Questiono-me como estaria a caixa de dorsais e medalhas se tivesse conhecido o Luís aos 20 anos...

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