quinta-feira, 16 de março de 2017

Haja paciência e bom senso

Hoje fui ao Lidl. E quando fui buscar um carrinho de compras vi duas coisas que, embora habituais, continuam a deixar-me perplexa. 
1. Um senhor sozinho dirigiu-se à sua carrinha, estacionada num dos lugares exclusivos de deficientes. Sem dístico. Provavelmente deu jeito ao senhor porque o lugar é mesmo à porta.
2. Um senhor sozinho estaciona um carro de dois lugares no estacionamento para grávidas ou pessoas com crianças de colo. Mais uma vez à porta do supermercado.

Para que entendam o quanto me transtorna, quando estava grávida, num shopping, tive uma discussão com dois senhores que fizeram o mesmo. Os seres eram de tal forma bem educados que o meu marido temeu pela minha integridade física. 

Efectivamente não acho normal que pessoas sem qualquer incapacidade estacionem nestes lugares. Nem acho normal que, por exemplo, alguém que tem uma cadeira de criança no carro, estacione nos lugares destinados a pessoas com crianças para ir ao supermercado ou as compras. Quer dizer, as crianças ficam em casa ou na escola, mas só porque têm a merda da cadeira no carro estacionam ali, à porta do shopping? 

Bom senso, precisa-se!

Mas não ficamos por aqui. Quando saí do Lidl, fui ao Pingo Doce. Estava na fila para a caixa e aproximou-se um senhor, carregando as suas compras com uma traqueostomia (buraco no pescoço). Pediu à funcionária que lhe desse prioridade, através de sinais. A funcionária disse que sim e explicou à cliente seguinte, que acedeu prontamente. Muito bem! O problema foi a cliente que estava a seguir. A cena que se seguiu é de uma ignorância que dói. Ao ponto do senhor mostrar a razão pela qual pediu para passar, já que não conseguia falar. Como se fosse preciso. Certo? 

Legalmente há prioridades a respeitar. Ponto, parágrafo! 
Mas o que me deixa mesmo, mesmo chocada e tão triste é que haja pessoas que não entendem o outro. Somos todos humanos. Todos temos vida e pressa. Mas não conseguir olhar para o outro e ver além da fila do supermercado é baixar a um nível muito primitivo de solidariedade e humanidade. Provavelmente aquela senhora que fez o escândalo nunca teve que ir ao supermercado com alguém com necessidades especiais de tratamento. Provavelmente nunca presenciou as dificuldades que têm no dia-a-dia. Assim como os senhores que estacionam indevidamente estão longe de saber o que é descarregar carrinhos ou cadeiras de rodas. Muito menos empurra-los (porque muitas vezes um só metro de distância faz a diferença).

É verdade que vivemos uma crise de valores profunda. E é mesmo nas pequenas coisas que percebemos isso. Hoje vim triste para casa. Muito triste. Precisei de muita paciência para me acalmar e não criar eu um escândalo com a dita senhora. Só a chamei de ignorante. Mas ela gritava tanto que talvez nem tenha ouvido. Respirei fundo e pedi ao universo que lhe enviasse bom senso e bondade. 

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