quinta-feira, 16 de abril de 2015

Grito de indignação

Desculpem-me qualquer coisinha, mas ando há dias com isto na cabeça e não consigo entender.
1. Pai mata um filho, bebé de meses, à facada.
Ah que desgraça, ele é desequilibrado. Uns sabiam. Outros não.
2. Padrasto bate, tortura (sei lá que nome dar àquilo) e uma criança acaba por morrer. O irmão está no hospital porque esse é "o lugar mais seguro para estar", diz a pediatra do hospital. Ambos apresentavam sinais de maus tratos antigos e recentes. Diz também a médica que a família estava referenciada na Segurança Social.
 
FODA-SE!!!
 
É aqui que eu grito! É aqui que choro! É aqui que me indigno!
 
Duas crianças morreram. Uma está no Hospital à espera de ir para um centro de acolhimento. E isto passa-se diante dos nossos olhos e nada se faz?
 
Lamento viver neste país. Em que crianças que diariamente sofrem de maus tratos estão referenciadas na Segurança Social. Isso é o quê?
 
Pouco depois do meu filho nascer, no âmbito de um processo de regulação das responsabilidades parentais, fui ouvida por uma técnica da Segurança Social. Coitadinha! A única preocupação da senhora é que duas crianças que até então tinham um quarto só para si, passassem, a partir daquele nomento, a partilhar quarto. "Coitadinhas das criancinhas", dizia a técnica. Que não estavam habituadas, que íam sentir diferença. Não, não lhe interessava que as crianças fossem alimentadas convenientemente. Que dormissem as horas suficientes e reparadoras para irem para a escola. Que praticassem actividades desportivas. Que brincassem. Que passeassem. Que estivessem num lar equilibrado. Não! O que lhe interessava é que os meninos íam dormir no mesmo quarto e que isso era inconcebível!
 
Depois desse dia passei a entender muita coisa. Passei a entender como é que se manipulam pessoas. E passei a entender como se matam crianças referenciadas... A última criança que morreu tinha água nos pulmões, escoriações, fracturas. Sinais de sofrimento físico. Falta de amor. De atenção. Será que tinha um quarto só para ela? Se calhar tinha. E a técnica da Segurança Social achou que assim estava tudo bem!
 
Estou indignada. Sinto-me envergonhada por viver num país onde as nossas crianças tenham que passar por isto. E sei, hoje mais do que nunca, que sou capaz de matar para defender o meu filho. E não entendo mesmo como estas mães não foram capazes de defendê-los de tamanhas barbaridades dentro de suas próprias casas... Não as julgo. Não as condeno. Mas não as entendo. Julgo, sim, o sistema e condeno-o, porque não funciona, porque não se interessa convenientemente, porque em última instância é culpado! E não são, afinal, as crianças o melhor do mundo??
 
 
 
E agora que gritei, vou abraçar o meu filho, dizer-lhe que o amo e prometer-lhe que vou defendê-lo de tudo e todos, com todas as minhas forças!

1 comentário:

  1. Acompanhei pela rádio estas dois casos e, por incrível que pareça, conseguiram uma "culpa"; deslocação de funcionários da segurança social que foram substituir os que estão "marcados" para serem despedidos ainda nesta legislatura, para gáudio dos senhores troianos ou similares em pensamento. É de facto revoltante e só apetece mesmo gritar!

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