quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Último capítulo. Ou talvez não.

E lá fiquei eu, tranquila, a pensar que a epidural estava garantida. Afinal era só esperar até às 5h da manhã. A médica até disse ao meu paciente marido para ir descansar para o cadeirão... E foi... E eu adormeci! Até àquele momento em que comecei a ser "sacudida" por uma espécie de choques eléctricos na barriga. Seriam as contracções? Só podia! Comecei a contar o tempo entre elas, começou a encurtar rapidamente. Já me contorcia de cada vez que chegava mais uma. Chamei a enfermeira e Deus mantinha-se a comer pipocas e a rir. Não aparecia nada no registo de contracções e a enfermeira achou que estava a exagerar. Foi embora... Via os minutos a passarem. Rezava para aguentar até às 5h da manhã, e perto dessa hora disseram-me que tinha que ir para a sala de partos. Foram ligar para o anestesista. E?? Então?? Demora muito? 

Bomba!!! "Ana, o anestesista de serviço só lhe dá epidural às 7h!"
Cara de horror! Pânico! Drama!
Podemos esperar até lá???

Não podia! O parto estava avançado. Tiveram tempo de me preparar e pouco mais. 
Mas acham que o filme acabava assim?? Nem pensar. Durante o parto ainda houve tempo para gargalhadas. Não de Deus, mas de quem me rodeava!
Pois imaginem no meio daquilo tudo, eu exausta, com dores nas costas, com muito sono, a médica a dizer-me para fazer força e puxar para o rapaz sair e a enfermeira com pena de mim disse-me:" D. Ana, tenha calma. Vai conseguir! É o seu primeiro filho??"
Olha agora... Era só o que me faltava! Abri os olhos, respirei fundo e respondi "É o ultimo!"

Ahahahahahahahahahahahahah

Coitada da enfermeira. Tão cuidadosa e só faltava eu bater-lhe.

Depois foi a vez de apanhar um susto. Sempre que abria os olhos via a médica à minha frente. Uma senhora baixa, tranquila, cuidadosa, atenciosa. Mas uma das vezes que abri os olhos vi o meu marido ao lado da médica, mesmo à minha frente, e eu de pernas abertas prestes a parir a nossa cria... Gritei (aliás, quis gritar, mas não tinha forças para gritar, por isso acho que balbuciei) "Que estás aí a fazer?"
Resposta????
"Lamento informar-te que não vais ter um filho careca, como sonhaste. Ele tem bastante cabelo!"

Acham normal? Digam-me a verdade! Acham normal?????? 

Pipocas... Pipocas...

Às 6:08h no meu relógio, 6:10h no relógio da sala de partos (e hora do registo), nasceu o Pedro, com 35 semanas. Eu encostei-me para trás e perguntei "Já está? Acabou? Saiu?" Depois de o examinarem e verificarem que não precisava de ir para a incubadora trouxeram-no para o meu colo e, pensei eu "Já? Tem que ser agora? Não posso dormir só 1 horinha e depois tratar dele?"

Pois não! Esquece lá isso que só voltas a dormir em condições nas reuniões de ciclo! 

O Pedro era tranquilo. Ficou encostado a mim, de olhos bem abertos, mas sem se mexer. E eu cheia de medo que o miúdo tivesse algum problema, porque achava que todos os recém-nascidos choravam muito. Mas não! Era apenas muito melhor do que eu alguma vez sonhara.

E agora perguntem-me "E depois do parto?"
Ora bem, eu respondo-vos. Depois do exacto momento em que o Pedro nasceu cheguei ao paraíso. Acabaram-se as contracções, não tive mais dor rigorosamente nenhuma a partir desse momento. Digamos que a natureza sabe o que faz e que quando corre bem quase podemos correr 10 kms logo depois de parir... Não foi o caso, mas a recuperação física de um parto como o meu é mesmo muito fácil.

Acham que acabou? Não. Tudo começa agora!

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