quarta-feira, 23 de março de 2016

O abraço...

Ontem perdi-me no abraço do meu filho. Quando fui deitá-lo fiz como faço todos os dias. Agarro-o, prendo-o colado a mim, na tentativa de eternizar o amor. Percorro o cabelo com a mão. Cheiro-o. Digo-lhe que o amo e que é o amor da minha vida. Olho para ele e peço ao meu coração que tire fotografias sem parar. Faço as minhas orações com a convicção do silêncio e do amor que sinto. Peço protecção e saúde para ele. Peço saúde e a capacidade de fazer dele uma criança feliz, um adulto seguro e consciente. Uma pessoa boa!
Ontem perdi-me no abraço do meu filho. Não porque alguma coisa tenha mudado em mim. Mas sim porque vejo o mundo a mudar todos os dias.
Ontem perdi-me no abraço do meu filho e orei pelos que partiram. Pedi por todos nós, que ficamos. Chorei de felicidade por poder perder-me mais uma noite no abraço do meu filho. Chorei de tristeza pelas balas, pelos explosivos, pela fome, pela maldade, que se tornam a "normalidade" dos nossos dias.
Ontem perdi-me no abraço do meu filho e fiquei sem palavras... Não quero que a angústia e o medo tomem conta de mim e da minha vida. Não quero mostrar a tristeza ao meu filho. Mas... Ontem perdi-me no abraço do meu filho... 

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