quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Silly Season I

Toda a gente sabe que adoro viajar. Adoro conhecer pessoas, monumentos, culturas, comidas. Infelizmente não posso viajar o verão inteiro. Nem o Inverno inteiro. Resumindo, tenho que trabalhar. Quando já estou a trabalhar, tento aproveitar ao máximo aquilo que Portugal tem de melhor: o clima e as praias. Assim, toca a ir para a praia de manhã bem cedo (os dias inteiros na praia acabaram quando engravidei...), almoçar, o P. dorme a sesta (e eu também...) e à tarde toca a ir para a piscina aproveitar todos os raios de sol possíveis.
Por acaso, moro num condomínio que tem piscina, o que facilita bastante esta logística com o baby (para mim vai ser sempre baby. Não liguem!). É só mesmo sair de casa e já está. Podia ser perfeito? Podia! Mas só se pudesse escolher os vizinhos... Há uns meses descrevi no meu facebook uma discussão que ouvi de um casal de vizinhos. Hoje vou descrever-vos o terror que é ter vizinhos. Se forem sensíveis, é melhor não lerem até ao fim. Não vou ter contemplações. Não vou ser meiga. E quando estou irritada (e calma também), não tenho filtro... Já avisei!

Até há bem pouco tempo, poucos eram os que se interessavam rigorosamente pelo que se passava no condomínio onde vivo. Há uns meses atrás, o meu marido, que é o gajo mais calmo, descontraído e consensual que eu conheço, decidiu por em prática algumas ideias que há muito havia, especialmente pequenas coisas que podiam melhorar substancialmente a qualidade da zona comum da piscina. Assim, este santo, além de aturar a vizinhança na hora dos pagamentos, além de fazer mapas e mapinhas, e proceder aos pagamentos das contas do condomínio, ainda se lembrou de ir carregar relva artificial para uma zona cimentada, andou a pintar muros, encontrou e contratou um técnico para tratar da piscina (a água estava verde musgo, imprópria para qualquer insecto, rastejante ou demais animal nojento...) e gastou o seu tempo e paciência. Tudo para que as zonas comuns ficassem mais agradáveis e todos pudessem usufruir melhor o verão. Espectacular! Certo?
Assim achou um vizinho. E há um mês veio comunicar que iria fazer a festa de aniversário do filho mais novo na piscina. Tudo bem! Aquilo é de todos! Força aí! No dia da festa, fomos à piscina de manhã. Finalmente estava tudo pronto e a água tinha atingido a sua limpeza máxima de sempre. O técnico esteve lá durante a manhã e tudo estava perfeito. Perfeito para quê? Para o filme de terror que se seguia...
Ora como sabem, o meu filho tem 2 anos, por isso não nos expomos ao sol entre as 11:30/12 e as 17. Durante esse período estivemos em casa. Às 17h, depois do P. acordar, fomos até à piscina com os meus primos. A descrição é esta: a relva artificial "coberta" por uma mesa (agora vem a parte mesquinha que há em mim), com uma toalha de plástico, cujo estampado são rodelas de limão verde alface, cheia de comida, guarda sol e mochilas e mochilas e toalhas e chinelos e tudo e tudo e tudo. Cadeiras para um exército. Miúdos a saltar feitos malucos para a piscina. Um miúdo a comer uma fatia de pizza dentro de água. Miúdos a correrem por cima das nossas toalhas e quase a atropelarem o meu filho (chegaram a tropeçar e a cair em cima do saco da minha prima). Um miúdo a atirar a comida que não gostava para o terreno vizinho. Enfim... Um cenário digno do inferno. Quando o meu marido chamou a atenção o vizinho, ele não ligou. Claro! Algum dia ele podia parar os amigos do filho? Como é que ele, que quer mostrar o que nunca foi, poderia algum dia explicar aos pais das crianças que tinha chamado a atenção ou mandado parar? Pois não podia. E as cenas continuavam. Até que, já dentro de água, quase se atiraram para cima do meu filho, e o inferno até então presente, transformou-se numa cena triste. A vizinha, com o seu bikini tropical, enquanto distribuía refrigerantes e comida, dizia ao meu marido "nós não conseguimos controlar!!". Quase como se estivesse a fazer-se de vítima... Já o seu marido, dizia "eu avisei que ía fazer a festa, por isso..." Claro que o meu marido, aquele que é do mais pacifico que existe, chegou a perguntar se ele tinha comprado aquilo. Ou se por haver uma festa, os outros vizinhos, que por acaso pagam o condomínio e zelam pelas coisas, não podiam usar a piscina. Mas quem nasce para 8, nunca chegará a 80. Para quê exigir 800?? Claro que acabamos por ir embora. A gentinha ganhou a piscina comum, aquela que o meu marido se esforçou por recuperar.

Confesso-vos que nunca fui de dar confiança a vizinhos. Não gosto. Tenho sempre a impressão que acabam por meter-se demais na minha vida e saber demais das minhas rotinas. Não gosto mesmo. Quando me mudei para esta casa, já o meu marido lá vivia. E desde esse dia que o meu sonho é sair de lá. O meu relacionamento com todos resumiu-se sempre ao "bom dia! Boa tarde! Boa noite!" da praxe. Mas por acaso estes vizinhos já tinham conseguido antes que desistisse de ser bem educada com eles. Já nem uma saudação cordial lhes dirigia. Agora é maravilhoso! Porque já desistimos do boçal e família. Chamem-me antissocial, chamem-me bicho do mato. O que quiserem! Mas um dia vou viver sem vizinhos. Vou, vou!!!

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